João Biolchini

Me chamo João Guilherme Biolchini, sou ator desde os 14 anos de idade, sempre buscando aplicar na arte minhas vivências e perspectivas de mundo. Atualmente curso cinema e audiovisual na UVA. Também sou escritor, em tal ofício sempre lamentei minhas dores e clamei minhas glórias.

Paraíso Perdido

Dourada auréola atarefada com o pesar pungente.
Infindável queda vide tamanha força secular.
Da ira revisto-me afim de recriar essência nossa.
Em minutos horais vigor torna-se prostração.
Palatável mel ressoa em minha boca feito vinagre.
Eu, que naveguei nos confins de horizontes remotos como uma águia graciosa.
Rastejo-me por vielas terrenas tal faz serpente asquerosa.
O apogeu do infame toque cá abaixo discrimina tal graça infinita.
De tão distante invejo o que sob tua graça permanece.
Bem algum extrairão de feitos oriundos do veneno letífero.
Se em noite eterna debruço-me
Taciturnas forças parirão rubro metal de marcial atrocidade.
Lançado dos céus, recobrar glória putrefata uma diligência vazia tornou-se.
Em esplendorosa jactância afirmo-lhes que luzente essência tornar-se á de minha posse.
Inaceitável defloração ao cosmo que recém avonda tua inquietação.
Redenção imposta bruscamente em minha carne.
Ergo-me contrariando tal divina lei.
Vociferando contra os acusadores.
Afianço-lhes ó tementes homens
Repousarei agraciado nos ossos do impostor.
Retomando único resplendor tornando ao paraíso perdido.

Sepulcro milenar

As mãos terrosas encardem-se com o desenterrar de cobiçado passado.
Maltratado túmulo que guarda nossos risos em silêncio sepulcral.
Quão impiedoso é testemunhar tamanha benção monumental à mercê dos vermes.
Sob nosso mortuário espelho-me, tão necrosado quanto glorioso passado estou.
''Sinto muito'' vives tu a proferir, em profundeza interna indago, se sente e se lamentas tanto quanto eu irreversível perda.
Das fases do luto, em negação atravanco-me, e me ancoro em tal estado.
Pois hão coisas ricas demais em beleza para definharem em esquecimento.
Em negro luto banho me em sordidez, sendo isto única posse minha, além de degradante apego em meu peito.
O frio instaurado em fúnebre tórax expandiu-se pelo meu ser integral.
Sufocante febre não há de passar, dentre inúmeras pestes esta está a todas governar.
Não lhe come a carne, devora-te a alma.

Profundezas do abismo

Nas profundezas do abismo
Cercado por seres carniceiros
Devorado fora o otimismo
As únicas presenças são de predadores sorrateiros
Todos com olhar frígido
Anseiam apenas pela dor
Sedentos em consumir meu espírito
O nome da âncora que me afundou clamam com esplendor
Muitos a chamam de ''amor''
Aqui nas profundezas náuticas
Naufragam tantas histórias trágicas
Meus olhos se acostumam com a escuridão
Ainda assim não posso me afogar
Em meu peito jaz a esperança de ver teu clarão
O corpo contradiz a alma e busca se entregar
Terrífico será submergir
Esperançoso seria emergir
Todavia aqui em breu tão profundo
Não há mais ''para cima'' ou ''para baixo''
Dentes serrilhados me despedaçam indiferentes ao sofrimento agudo.
Nostálgicos são os dias em que eu podia respirar
Completamente desnorteado pelas águas turvas
De força necessito para sentir novamente teu doce ar.

Em 2017 participei do elenco de ''O inspetor geral'' de Nikolai Gogol.

O simpático Jeremias (2024)

Mamma mia (2023)

Em minhas redes sociais é possível ver muito mais de meus artifícios artísticos, seja no palco ou no papel